Brie Larson, conhecida por seus papéis vigorosos em Hollywood, adentra um novo desafio dramático com “Lessons in Chemistry”, série da Apple TV+. A adaptação do romance de Bonnie Garmus não se eleva ao esperado, retratando a vida de uma cientista reprimida pelo sexismo da década de 1950, que encontra um caminho alternativo como apresentadora de um programa de culinária.
Elizabeth Zott, interpretada por Larson, emerge inicialmente como a carismática apresentadora de “Supper at Six”, revelando gradualmente o caminho traumático e desafiador que a conduziu a esse posto. Sua jornada, saturada pelo sexismo desenfreado em ambientes acadêmicos e profissionais, desencadeia uma narrativa que, apesar dos importantes temas abordados, é por vezes ofuscada por uma abordagem excessivamente explícita e enfática da degradação e desrespeito sofridos por ela.
A série pincela semelhanças com outras produções como “Mad Men” e “The Marvelous Mrs. Maisel”, no entanto, a rigidez do caráter de Larson em “Lessons in Chemistry” e a necessidade de sublinhar cada instância de desrespeito e degradação criam barreiras para uma experiência fluente para o espectador.
A trama traz também à tona questões raciais, explorando a amizade de Elizabeth com Harriet (interpretada por Aja Naomi King), uma mulher que, habitando um bairro predominantemente negro, enfrenta uma versão ainda mais aguda dos desafios encarados pela protagonista, enquanto ainda atua como um apoio vital para ela.
Apesar de alguns momentos redentores mais perto de seu desfecho, “Lessons in Chemistry” posiciona-se de forma incerta nas prateleiras densamente povoadas de dramas de streaming de prestígio, combinando ingredientes interessantes, mas sem alcançar a consistência desejada na mistura final.
À beira da reentrância de Larson no universo Marvel, esta produção infelizmente a mantém limitada pela natureza de sua personagem e pela misoginia direta e contundente que enfrenta, tornando-a, apesar de suas inegáveis qualidades, uma experiência pontuada por desvios desnecessários e uma execução que não se encaixa plenamente.