Barbie, a famosa boneca, ganha uma nova perspectiva no mais recente filme dirigido por Greta Gerwig. O longa-metragem vai além das aparências e mergulha em questões filosóficas e existenciais, surpreendendo o público e oferecendo uma experiência única. O longa estreia no Brasil nesta quinta-feira (20).
Com roteiro escrito por Gerwig e Noah Baumbach, o filme inicia com Barbie (interpretada por Margo Robbie) vivendo em seu mundo perfeito e cor-de-rosa, onde tudo é predestinado e controlado. No entanto, uma crise existencial toma conta dela, levando-a a uma jornada para descobrir a verdade sobre sua existência e encontrar a menina que possui sua versão de boneca.
O roteiro destaca-se ao proporcionar aos personagens uma consciência aguçada de seu entorno. Barbie reconhece sua própria existência surreal, onde figuras de plástico perfeitas lidam com imperfeições humanas. O filme aborda questões como feminismo e patriarcado de maneira séria, mas sem perder a leveza e o toque de humor necessário para transmitir sua mensagem principal: encontrar-se e encontrar o equilíbrio.
Margo Robbie entrega uma atuação notável no papel principal. Sua dedicação aos seus personagens é amplamente reconhecida, e Barbie não é exceção. Robbie traz profundidade e complexidade à sua personagem, elevando Barbie além da persona plástica associada à boneca. A talentosa equipe de elenco, incluindo Ryan Gosling, Kate McKinnon, America Ferrera, Michael Cera, Issa Rae e outros, também oferece performances envolventes que complementam a narrativa.
A direção de arte meticulosa de Sarah Greenwood, os vibrantes figurinos de Jacqueline Durran e a habilidade do departamento de maquiagem são os grandes destaques técnicos de Barbie. Cada cenário é cuidadosamente projetado e cada figurino é propositadamente elaborado, criando uma estética tão perfeita quanto a própria boneca. Esses elementos são a espinha dorsal do filme, enfatizando que a magia de Barbie não está apenas no roteiro ou nas atuações, mas também nesse mundo campy e iluminado criado pelos talentosos artistas envolvidos na produção.
No entanto, assim como o ambiente do mundo real, o filme também apresenta suas imperfeições. O tratamento dos personagens não brancos deixa a desejar, pois muitas vezes são utilizados como dispositivos para impulsionar as narrativas estereotipadas de Barbie e Ken. Isso acaba desviando a atenção da ideia de igualdade entre os seres humanos. É possível dar o benefício da dúvida, considerando que talvez esse tenha sido o propósito? A visibilidade desses personagens reflete, em grande parte, a realidade do mundo em que vivemos.
Há momentos no filme em que o ritmo diminui. Barbie poderia ser uma produção mais enxuta, pois algumas cenas de dança e números musicais parecem ser meros preenchimentos. No entanto, apesar dessas falhas, os segmentos finais do filme oferecem uma abordagem sutil, na qual homens e mulheres colaboram para melhorar suas próprias comunidades, com base nas lições aprendidas. Isso ilustra uma visão de ação coletiva e a esperança de um futuro em que todos participem ativamente na construção de um mundo melhor.
Em essência, Barbie desafia o espectador a reconsiderar sua compreensão das normas e expectativas sociais. Embora o foco esteja em uma entidade de plástico, o filme trata essencialmente da condição humana – nossas forças e nossas falhas. É um lembrete de que, mesmo nos elementos mais superficiais de nossa cultura, pode existir uma profundidade inesperada e um convite ao diálogo. A direção de Greta Gerwig é uma exploração sincera da identidade, das estruturas sociais e da coragem de abraçar a mudança, provando mais uma vez que histórias podem surgir dos lugares mais incomuns.