O cineasta baiano Geraldo Sarno morreu na noite desta terça-feira (22), aos 83 anos. Ele estava internado no Copa D’Or, no Rio de Janeiro, há um mês em decorrência de complicações da Covid-19. Geraldo tinha tomado as 3 doses da vacina e preparava um retorno para a Bahia, segundo informações do G1.
Nascido em Poções (interior da Bahia), o diretor é responsável por um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro: o documentário ‘Viramundo’ (1964), que retrata a vida de migrantes nordestinos em São Paulo.
“Viramundo” foi pioneiro ao trazer a nova imagem da classe operária brasileira, a do camponês de origem nordestina corrido da seca e da fome, e do surgimento de um sistema religioso neopentecostal, hoje hegemônico no Brasil.
O cineasta ficou conhecido por abordar temas como o movimento migratório brasileiro, as religiões e cultura populares. Em 2008, recebeu o prêmio de melhor direção no Festival de Brasília, pelo filme “Tudo isto me parece um sonho”, sobre a história do general pernambucano Ignácio Abreu e Lima, que, ao lado de Simon Bolívar, participou de batalhas que resultaram na libertação da Colômbia, Venezuela e Peru da Coroa Espanhola no século XIX.
Seu último filme, ‘Sertânia’ (2020), dialoga com ‘Viramundo’, de acordo com Geraldo Sarno em uma de suas últimas entrevistas, em dezembro de 2021.
“É um filme que muito tem a ver com Sertânia. É a realização de uma obra que teve início em Viramundo e é uma reflexão sobre o Brasil e sobre o sertão em São Paulo. Minha cinematografia, em grande parte, se dedicou a essa documentação e a esse trabalho de ficção”, explicou.
Geraldo Sarno completaria 84 anos no próximo dia 6 de março.