Um juiz federal em Chicago condenou o cantor R. Kelly a 20 anos de prisão, nesta quinta-feira (23), por produzir três vídeos de si mesmo abusando sexualmente de sua afilhada, de 14 anos.
O juiz decidiu que apenas um ano da sentença de prisão seria cumprido separadamente da pena anterior de 30 anos que Kelly recebeu depois que um júri no Brooklyn o condenou por extorsão e tráfico sexual, em junho de 2022.
Na prática, apenas um ano foi acrescido no número total de anos que o cantor deve ficar na prisão. Ele está com 56 anos e deve seguir preso até entrar nos 80 anos.
Assim como no julgamento, Kelly permaneceu em silêncio durante a audiência de sentença, recusando-se a falar em sua defesa.
Em 2008, Kelly foi absolvido das acusações de produzir imagens de abuso sexual infantil de sua afilhada, com alguns jurados dizendo aos repórteres que haviam sido influenciados pela falta de depoimento da jovem. Ela negou a um júri que era a pessoa na gravação que os promotores disseram mostrar Kelly abusando sexualmente e urinando sobre ela.
Mas no julgamento federal do ano passado, que se seguiu a uma nova onda de escrutínio sobre o envolvimento de Kelly com meninas e mulheres jovens, a mulher compareceu, se identificando como a menina menor de idade sendo abusada em três vídeos, trechos dos quais foram mostrados ao júri.
Na audiência desta quinta-feira, o advogado da mulher – identificada em tribunal como Jane – leu uma declaração sobre como o abusos sexuais afetaram sua vida, pedindo que Kelly seja preso “pelo tempo que a lei permitir”.
“Eu nunca serei capaz de esquecer a pornografia infantil”, disse ela na declaração, que foi lida por seu advogado, Christopher Brown. “Nenhuma quantidade de terapia me tornará normal.”
O júri em Chicago condenou Kelly por seis das 13 acusações apresentadas contra ele relacionadas ao abuso sexual na década de 1990, incluindo três acusações de coagir menores a atividade sexual e três de produzir vídeos de sexo envolvendo um menor.
Os promotores federais argumentaram que Kelly, merecia 25 anos de prisão além de sua sentença anterior, citando a “falta de remorso” do cantor como uma razão pela qual ele representaria um perigo para a sociedade se fosse libertado.
“A única maneira de garantir que ele não voltará a cometer crimes é impor uma sentença que o mantenha na prisão pelo resto de sua vida”, disse Jeannice Williams Appenteng, uma das promotoras, em tribunal na quinta-feira.
A advogada de R. Kelly, Jennifer Bonjean, argumentou que seu cliente “provavelmente morreria na prisão de qualquer maneira”, mas que se ele não o fizesse, não representaria uma ameaça na velhice. Ela está recorrendo das condenações em Brooklyn e Chicago.