Um thriller que transcende a tela do cinema e revive momentos de extrema tensão vividos no passado brasileiro está a caminho das salas de exibição. “O sequestro do voo 375”, dirigido por Marcus Baldini, irá mergulhar no tenso episódio ocorrido em 29 de setembro de 1988, quando Raimundo Nonato Alves da Conceição, munido de um revólver calibre 32, sequestrou o avião da Vasp que conectava Belo Horizonte e Rio de Janeiro, ameaçando mais de 100 vidas a bordo e almejando um alvo político fatal – o então presidente José Sarney.
O episódio, que para alguns reverbera como um eco do “11 de setembro brasileiro”, tornou-se a espinha dorsal do filme que tem data marcada para estrear nas telonas no dia 7 de dezembro, e um gostinho dessa produção será apresentado na Sessão de Gala de encerramento do Festival do Rio, no Cine Odeon, no Centro, neste sábado (14), às 21h45.
Conflitos, Manobras e um Herói Não Reconhecido
A trama reconta com realismo a decisão arriscada do comandante Fernando Murilo, interpretado por Danilo Grangheia, que, mesmo sob a ameaça da morte após a execução do copiloto, executou manobras perigosas e sem precedentes para um Boeing 737, visando salvar a aeronave, os passageiros e impedir uma tragédia nacional.
Um dos momentos-chave foi o tonneau, colocando o avião de ponta-cabeça, seguido de uma queda em parafuso de nove mil metros. A ação corajosa desorientou o sequestrador e propiciou um pouso seguro no aeroporto de Goiânia, sem mais vítimas fatais além do copiloto Salvador Evangelista, vivido por César Mello.
Reflexos do Passado em Uma Produção Contemporânea
Além de ser uma janela para o passado e suas respectivas análises acerca do panorama sociopolítico da época, a obra se destaca por ser o primeiro filme de ação de Baldini, antes mais voltado para comédias e dramas biográficos.
Mesmo com limitações em comparação às superproduções de Hollywood, o filme se propõe a oferecer uma experiência única, alinhando entretenimento e reflexão sob um olhar nitidamente brasileiro. Segundo Baldini, mesmo que a obra se alimente de referências cinematográficas norte-americanas, a intenção é carregar o “charme brasileiro”, conferindo personalidade à produção.
A produção fez uso de um avião autêntico da Vasp, trazendo um patamar de realismo e autenticidade às cenas filmadas durante as oito semanas nos estúdios Vera Cruz, em São Bernardo do Campo (SP), o que é ressaltado pela produtora Joana Henning.
A experiência se torna não apenas uma exposição de um episódio marcante da história brasileira, mas uma obra que convoca à reflexão sobre o país, sua trajetória e os ecos de seu passado que ressoam até os dias atuais.